Secretaria de Justiça e Direitos Humanos de Pernambuco (SJDH) informou, nesta quarta (25), que vai arcar com os custos do traslado e do funeral de Raynéia Lima, brasileira morta na Nicarágua na segunda (23). O governo brasileiro cobra explicações sobre a morte da pernambucana a esse país da América Central que vem enfretando uma crise sociopolítica, com manifestações contra o presidente Daniel Ortega, no poder desde 2007. (Veja vídeo acima)
Segundo o titular da secretaria, Pedro Eurico, o órgão também se disponibilizou para prestar apoio psicológico e jurídico à mãe da vítima.
"O estado não tem rubrica orçamentária para esse tipo de questão, mas recebemos essa determinação e estamos providenciando as questões do funeral e avaliando qual companhia aérea pode fazer o traslado do corpo", afirma Pedro Eurico.
O secretário também afirmou estar em contato com o Ministério das Relações Exteriores para agilizar o procedimento. "Essa é uma relação de estado nacional com estado nacional, mas estamos tentando fazer com que esse processo aconteça o mais rápido possível", diz.
Uma psicóloga e um advogado seguiram para Garanhuns, no Agreste, para assistir a aposentada Maria Costa, mãe de Rayneia.
Ao G1, a ex-cunhada de Rayneia, Juliana Rocha, confirmou que o estado já entrou em contato com a família, mas preferiu não se manifestar sobre a decisão. A previsão é de que o enterro da pernambucana natural de Vitória de Santo Antão seja feito em Paulista, no Grande Recife.
Raynéia foi atingida por tiros no sul da capital da Nicarágua, onde cursava medicina. Segundo Ernesto Medina, reitor da Universidade Americana em Manágua (UAM), a brasileira morreu após ser atingida por tiros disparados por "um grupo de paramilitares". A morte foi confirmada pelo Itamaraty na terça-feira (24).
Sonhando com um futuro na medicina, a brasileira seguiu para a Nicarágua para estudar, segundo a mãe. Durante o contato que fazia com a família, a aposentada Maria Costa afirmou que a filha chegou a comentar sobre a insegurança que sentia no país.
O secretário-geral do Ministério das Relações Exteriores, embaixador Marcos Galvão, classificou a morte como uma "situação trágica ".
A Nicarágua está imersa na crise mais sangrenta da história do país em tempos de paz e a mais forte desde a década de 80, quando Ortega também foi presidente (1985-1990).
Horas antes da morte da brasileira, o reitor da Universidade Americana em Manágua (UAM), instituição em que Raynéia estudava, participou de um fórum onde afirmou que o crescimento econômico e a segurança na Nicarágua antes da explosão dos protestos contra Ortega em abril "era parte de uma farsa", porque "nunca houve um plano que acabasse com a pobreza e a injustiça".
A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) e o Escritório do Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos (Acnudh) responsabilizaram o governo da Nicarágua por "assassinatos, execuções extrajudiciais, maus-tratos, possíveis atos de tortura e prisões arbitrárias".
Os protestos contra Ortega e sua esposa, a vice-presidente Rosario Murillo, começaram no dia 18 de abril devido um decreto que regulamentava a reforma da Previdência Social. O governo desistiu da reforma, mas os manifestantes continuaram protestando contra a violência da repressão.
Fonte: G1